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Capitulo17

As células b das ilhotas de Langerhans são as únicas células do corpo que produzem uma quantidade significativa de insulina, um hormônio que evoluiu para se tornar essencial para a vida, exercendo um controle crucial sobre o metabolismo de carboidratos, gordura e proteínas. As ilhotas estão espalhadas por todo o pâncreas; variam em tamanho mas contêm, tipicamente, cerca de 1.000 células, das quais cerca de 80% são células b localizadas num núcleo central cercado por um manto de células não–b. Um pâncreas humano contém cerca de um milhão de ilhotas, que perfazem apenas cerca de 1% da massa do pâncreas. A insulina é liberada na veia porta e isto significa que o fígado é exposto a concentrações particularmente elevadas de insulina.

A secreção de células b responde com grande precisão a pequenas alterações na concentração de glicose na faixa fisiológica, mantendo, desta maneira, os níveis de glicose dentro da faixa de 70–150 mg/dL em indivíduos normais. As células b têm uma diferenciação singular que permite uma ligação dos níveis fisiológicos de glicose com os sinais metabólicos que controlam a liberação da insulina. Logo, existe uma íntima correlação entre a taxa de metabolismo de glicose e a secreção de insulina. Isto depende da oxidação de acetil-CoA derivado da glicose e também do NADH gerado pela glicólise, que é transportado até a mitocôndria para contribuir com a produção de ATP. A secreção de insulina é também regulada por vários outros sinais fisiológicos. Durante a alimentação, a secreção de insulina é acentuada não apenas pela glicose, mas pelos aminoácidos e hormônios intestinais GLP-1 e peptídio inibitório gástrico. Ácidos graxos livres também podem modular a secreção de insulina, em particular para ajudar a manter a secreção de insulina durante um jejum prolongado. O sistema nervoso parassimpático tem um efeito estimulante exercido pela acetilcolina e provavelmente pelo mediador peptidérgico VIP, que também pode contribuir para uma maior secreção de insulina durante a alimentação. O sistema nervoso simpático com adrenalina da medula adrenal e com noradrenalina dos terminais nervosos age sobre receptores a-adrenérgicos parar inibir a secreção de insulina. Esta supressão de insulina é particularmente útil durante exercícios. Entre os fármacos importantes estão as sulfoniluréias, que têm uma influência estimulante útil para o tratamento de diabetes, e o diazóxido, com um efeito inibitório usado para o tratamento de hipoglicemia causada pelos tumores produtores de insulina.

O diabetes tipo 1 é causado por uma massa reduzida de células b resultante de destruição auto-imune de células b, que leva a uma profunda deficiência de insulina que pode progredir para hiperglicemia e cetoacidose fatais. As células não–b da ilhota são poupadas, com a secreção de glucagon sendo de fato excessiva, o que explica parte da hiperglicemia do estado diabético. A situação é mais complicada no diabetes tipo 2, que tem uma forte base genética que predispõe os indivíduos à obesidade e à resistência à insulina, um problema enormemente amplificado por nosso estilo de vida ocidental com sua abundância de alimentos e falta de atividade física. O diabetes, porém, só se desenvolve quando as células b não são mais capazes de compensar essa resistência à insulina. De fato, a maioria das pessoas com resistência à insulina nunca desenvolve diabetes, mas, à medida que nossa população envelhece, ocorre mais descompensação de células b e aumenta a prevalência de diabetes. Estudos patológicos indicam que a massa de células b no diabetes tipo 2 é de cerca de 50% de células normais e que as ilhotas estão freqüentemente infiltradas com depósitos amilóides, que podem apresentar um efeito tóxico sobre as células b.

Em todas as formas de diabetes, seja diabetes tipo 2, diabetes tipo 1 inicial, falência pancreática ou transplantes de ilhotas, são encontradas anormalidades secretórias de insulina que parecem basicamente secundárias à exposição de células b ao ambiente diabético e que serão reversíveis se uma normoglicemia puder ser restaurada. A anormalidade mais proeminente é um comprometimento da secreção de insulina induzida pela glicose, que é mais grave para a liberação precoce (primeira fase) que para a segunda fase mais longa da secreção. Em contraste, as respostas da célula b a secretagogos não-glicose como a arginina, GLP-1, isoproterenol ou sulfoniluréias estão mais intactas. A etiologia destas anormalidades secretórias de células b não é inteiramente compreendida, mas as células b expostas a concentrações anormalmente elevadas de glicose perdem a diferenciação que normalmente as guarnece com a maquinaria metabólica singular necessária para a secreção de insulina induzida pela glicose. No nível da expressão gênica, são encontradas anormalidades acentuadas que parecem ter um efeito mutilante sobre a integridade metabólica da célula b. As anormalidades de secreção do glucagon também são encontradas nas duas formas de diabetes, com a secreção não sendo adequadamente suprimida pela hiperglicemia ou estimulada pela hipoglicemia; isto é problemático porque o glucagon é um importante hormônio contraregulatório para proteção contra a hipoglicemia. Esta incapacidade do glucagon de responder torna as pessoas com diabetes tipo 1 mais vulneráveis aos perigos da hipoglicemia induzida pela insulina.

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