Capitulo1
Capitulo2
Capitulo3
Capitulo4
Capitulo5
Capitulo6
Capitulo7
Capitulo8
Capitulo2
Capitulo3
Capitulo11
Capitulo12
Capitulo13
Capitulo14
Capitulo15
Capitulo16
Capitulo17

O diabetes tem um impacto singular sobre as crianças e suasfamílias. A vida diária das crianças e jovens é afetada pelosrigores do regime terapêutico do diabetes e a necessidade de semonitorar freqüentemente os níveis de glicose no sangue, ministraragentes redutores de glicose e equilibrar o efeito da atividade e dosalimentos. Apesar disto, os pacientes pediátricos precisam se esforçarbastante para atingir os marcos de desenvolvimento normal da infância eda adolescência, sair-se bem na escola e desenvolver uma eventualautonomia. Para realizar estas tarefas, é necessário que um organizadosistema de cuidados com o diabetes, que utiliza uma equipe multidisciplinarversada em questões pediátricas, esteja implementado para garantiruma ótima saúde física e emocional da criança afetada, bem como oferecerapoio e orientações educativas para a família, provedores de assistênciae pessoal da escola. Desta maneira, crianças com diabetes tipo 1 ou tipo 2poderão chegar à idade adulta com o mínimo possível de impacto adversosobre seu bem-estar.

Um dos principais riscos do diabetes tipo 1 para crianças é o desenvolvimento de cetoacidose diabética (CAD). A cetoacidose diabéticacontinua sendo uma importante fonte de morbidade e mortalidade empacientes pediátricos por causa de edema cerebral. O tratamento da CADem pacientes com menos de 20 anos de idade envolve uma meticulosareidratação com soluções contendo eletrólitos, administração intravenosade insulina via infusão contínua de baixa dose, evitação de terapia combolus de bicarbonato e monitorização extremamente rigorosa do estadoneurológico. Há evidências crescentes de que os fatores de risco de edemacerebral incluem uma desidratação grave, conforme evidenciada por umaalta concentração inicial de nitrogênio ureico no sangue e insucesso emelevar o nível sérico de sódio com a terapia. Além do intumescimentocerebral, o infarto cerebral pode ser uma conseqüência da CAD e de seu tratamento, podendo levar a um déficit neurológico persistente. Já que ainda não se sabe como evitar as seqüelas neurológicas do edema cerebral associado à CAD, torna-se imperativo evitar inteiramente a CAD. Isto pode ser feito fornecendo-se aos pacientes e famílias diretrizes detalhadas para os dias de mal-estar ('sick day') para que desidratação, acidose ehiperglicemia grave possam ser evitadas durante uma moléstia intercorrenteou quando o tratamento de diabetes for adequado.Desde a conclusão do estudo Diabetes Control and ComplicationsTrial, os benefícios de se seguir um sistema de tratamento do diabetes quepermita uma glicemia ótima tornaram-se cada vez mais evidentes parabebês, crianças e jovens com diabetes tipo 1. O benefício parece ser nãoapenas imediato, mas também de longo prazo e o sistema terapêutico deveser instituído na criança pré-pubere bem como na criança pós-púbere. Ossistemas de tratamento de diabetes que melhoram o controle glicêmicodevem ser bem definidos, com metas específicas de idade, e devem sercuidadosamente ensinados aos pacientes e famílias, com o uso de algoritmosque propiciem flexibilidade de estilo de vida. Para garantir que asmetas estejam sendo cumpridas, os níveis de glicose podem ser avaliadoscom modalidades como os sistemas de monitorização contínua de glicoseque permitem identificação de padrões. O esquema terapêutico dodiabetes poderá então ser alterado para otimizar o desfecho glicêmico. Noentanto, estes sistemas de monitorização contínua de glicose, atualmente limitados apenas a uso intermitente por 3 dias, não podem substituir a monitorização doméstica da glicose. O número de medições de glicose sangüínea efetuadas em casa continua sendo o preditor mais modificável de controle glicêmico nos jovens com diabetes. Cuidados rigorosos deacompanhamento multidisciplinar com triagem das complicações ecomorbidades do diabetes são imperativos. Achados como uma limitadamobilidade articular, que costumava ser a complicação mais comum dodiabetes na infância, estão diminuindo em prevalência, mais provavelmentepor causa de um melhor desfecho glicêmico. Finalmente, certosaspectos dos cuidados com o diabetes também devem ser comunicados aopessoal da escola e outros prestadores de assistência quando se deseja queos indivíduos pediátricos obtenham benefícios de uma abordagemterapêutica intensiva.

O estresse psicológico do diabetes, com o temor das complicaçõesimediatas e de longo prazo, deve ser abordado pelos provedores deassistência de diabetes pediátrico. A criança ou adolescente com diabetes,bem como outros membros da família que incluem pais e irmãos, devemser avaliados para garantir que não exista um efeito negativo no funcionamentofamiliar. A qualidade de vida deve ser uma medida de desfecho.Como tal, existem evidências de que um melhor controle do diabetes, comtodas as suas exigências, realmente melhora a qualidade de vida. Ascapacidades de desenvolvimento das crianças devem ser levadas emconsideração. À medida que avança a tecnologia e mais habilidades econhecimentos são necessários para o tratamento do diabetes, um fatorlimitante poderão ser as capacidades cognitivas e de desenvolvimento dealgumas crianças e suas famílias. Os critérios devem ser definidos antesque instrumentos terapêuticos tecnologicamente difíceis, como bombasde insulina, sejam dados a um determinado paciente e família.Como se constatou na população adulta, o diabetes tipo 2 em criançase jovens se deve à combinação de resistência à insulina acoplada à relativafalência de células b. Embora pareça haver uma série de fatores de risco genéticos e ambientais potenciais para a resistência à insulina e para alimitada reserva de células b é possível que o fator de risco mais significativo seja a obesidade. A obesidade no jovem atingiu proporçõesepidêmicas e deve ser avaliada com o uso de diagramas padronizados deíndice de massa corpórea. Foram realizados poucos estudos para se determinaros esquemas terapêuticos mais eficazes para o diabetes tipo 2 nojovem e o papel que a atividade física e o aconselhamento nutricionaldesempenham em melhorar o desfecho glicêmico. Já que menos de 10%dos jovens com diabetes tipo 2 podem ser tratados apenas com dieta eexercícios, é necessária uma intervenção farmacológica nestes pacientespara se atingir as metas glicêmicas. Na maioria dos levantamentos, osmédicos usam metformina, insulina, outro agente oral ou uma terapiacom dois agentes. Foram desenvolvidas diretrizes terapêuticas parapermitir que níveis-alvo de HbA1c sejam satisfatórios e mantidos.

Embora o tratamento do diabetes ainda continue árduo e exigente, ascrianças e famílias podem conseguir atingir metas glicêmicas e obter bem-estarfísico e psicológico. A equipe multidisciplinar, capaz de avaliar eacompanhar corretamente o paciente, pode ter um importante papel napreparação das crianças e jovens para um futuro o tanto quanto possívelsem complicações.

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